quarta-feira, 14 de janeiro de 2009



Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que acendeu a terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei te amar de outra maneira

senão assim deste modo em que não sou nem és,
tão perto que sua mão sobre o meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
(PABLO NERUDA)

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